Trabalhei durante trinta três anos com livros. Não saí por opção.
Tenho muitas saudades de algumas pessoas e de poder ler, praticamente, tudo o
que me apetecia. Não sinto falta nenhuma do negócio dos livros.
O Caminho é em
frente. Afinal de contas tudo muda. O mundo é hoje um sítio
muito diferente do que era há dois anos, para não dizer há dois meses.
A experiência adquirida, neste meio, deu-me alguns créditos para
poder falar sobre os livros e a leitura. Algumas pessoas perguntam-me: porque se lê tão pouco? Eu respondo-lhes: há quem diga que ler é um acto
de inteligência. No entanto, acho que se trata muito mais de um acto de
persistência e de esforço. O esforço de ler um texto com mais do que uma frase, como este, por exemplo.
Ler nem sempre é benéfico, pode até ser contraproducente se
lermos apenas um livro, repetidamente, como se fosse uma verdade absoluta.
Durante longos anos cruzei-me com muitas pessoas interessantes e outras menos. Constatei que algumas têm livros em comum e que lhes servem como muletas e onde aprenderam todos os seus
truques. Posso nomear pelo menos três livros que são obrigatórios ler, mas que
ao serviço de um idiota podem ser perigosos. São os seguintes: A Arte da Guerra, de Sun Tzu, O Príncipe, de Maquiavel e A Arte de Ter Razão, de Arthur
Schopenhauer. Poderia acrescentar mais uns tantos, mas não quero ferir susceptibilidades
e desviar-me do essencial. Acredito que gente como Donald Trump, Jair Bolsonaro,
André Ventura e outros que tais, irão ter cada vez mais adeptos. Como disse
Nelson Rodrigues, o famoso escritor brasileiro: "Os imbecis acabarão por
dominar o mundo, não pela sua capacidade, mas pela quantidade."