Não sou um homem religioso, nem
tenho muita fé. Até há alguns anos atrás era um ateu convicto. Depois comecei a
ler sobre ciência, mais concretamente sobre biologia, astronomia, física, química,
etc., e transformei-me num agnóstico. "Não tem” muita lógica ler sobre ciência
e ficar mais espiritual, mas é um facto. Quando percebi que todos nós somos pó
de estrelas, ou seja, todos elementos químicos mais pesados de que somos feitos
nasceram da explosão de uma estrela. Melhor, somos todos luz. Somos todos
descendentes de uma criatura minúscula chamada Prochlorococcus e que decompõe, através da
energia solar, a água nos seus componentes de oxigénio e hidrogénio e usam a química
produzida para captar dióxido de carbono da atmosfera e transformá-los em açúcares,
proteínas e aminoácidos, isto é, todas as coisas necessárias à vida. Não
posso deixar de ficar estupefacto, maravilhado com todas as formas, cores,
cheiros, sons e texturas de que é composta a natureza. É bem verdade o que dizia
Voltaire: «É-me difícil olhar para o relógio e não imaginar um relojoeiro.»