25/05/2019

pó de estrelas

Foto Jaime Bulhosa

Não sou um homem religioso, nem tenho muita fé. Até há alguns anos atrás era um ateu convicto. Depois comecei a ler sobre ciência, mais concretamente sobre biologia, astronomia, física, química, etc., e transformei-me num agnóstico. "Não tem” muita lógica ler sobre ciência e ficar mais espiritual, mas é um facto. Quando percebi que todos nós somos pó de estrelas, ou seja, todos elementos químicos mais pesados de que somos feitos nasceram da explosão de uma estrela. Melhor, somos todos luz. Somos todos descendentes de uma criatura minúscula chamada Prochlorococcus e que decompõe, através da energia solar, a água nos seus componentes de oxigénio e hidrogénio e usam a química produzida para captar dióxido de carbono da atmosfera e transformá-los em açúcares, proteínas e aminoácidos, isto é, todas as coisas necessárias à vida. Não posso deixar de ficar estupefacto, maravilhado com todas as formas, cores, cheiros, sons e texturas de que é composta a natureza. É bem verdade o que dizia Voltaire: «É-me difícil olhar para o relógio e não imaginar um relojoeiro.»