Foto Jaime Bulhosa
Vou celebrar o 25 de Abril, isso é ponto
assente e sem negociação. Provavelmente vou festeja-lo à janela cantando a
Grândola, já que não posso descer a Avenida.
Era um miúdo em 1974 e vivi o 25 de Abril
sob a luz dos olhos de uma criança de 10 anos. Pensei nessa madrugada, pela
aflição demonstrada pelos meus pais, de que se tratava de uma guerra. Mas não era.
Mal sabia eu que vinha a caminho a revolução mais bonita e florida que um povo
pode viver. Hoje, e porque vivemos um momento sem liberdade, é urgente
relembrar o seu significado: o alívio de um soldado e dos seus pais ao saber do
fim da guerra. A alegria de um preso político ao sair da cadeia. A vitória de
um exilado ao poder voltar ao seu país. A liberdade de expressarmos a nossa
opinião. A excitação de decidirmos através do voto a aplicação da democracia. A
justiça de nunca mais uma mulher ser acusada de adultério e ser tratada como
uma criminosa. O direito a sermos tratados e cuidados num sistema nacional de
saúde. O aumento da possibilidade de uma mulher ter educação e acesso ao
ensino superior. A definição de um salário mínimo. A possibilidade de gozarmos
férias. A garantia de podermos defender os nossos direitos através da greve. A
igualdade de oportunidades na escolha de profissão e acesso ao emprego sem
descriminação de idade, sexo, raça, etc. A livre expressão artística e o fim da
venda de livros por debaixo do balcão. O direito à autodeterminação dos povos
colonizados. E tantas, tantas outras conquistas, dadas como adquiridas e que se
podem esfumar num abrir e fechar de olhos se não nos mantivermos vigilantes.
Viva
o 25 de Abril, sempre!
Sem comentários:
Enviar um comentário