Olhei para as estantes da minha
sala e reparei que os livros não estavam devidamente organizados. Decidi pôr mãos
à obra e comecei pela letra A, depois pela B, C, D… e por aí adiante, por ordem
alfabética do último nome do autor, ou pela primeira letra do título sem contar com o artigo. Não foi
uma tarefa difícil para quem passou anos a organizar livrarias. Todavia, eis
que no meu cérebro surge um novo problema. Por que diabo quase tudo está organizado
por ordem alfabética? As livrarias, as bibliotecas, as cadeiras de uma sala de
teatro, a lista de contactos de telefone, o meu nome na repartição das finanças,
etc., etc., etc. A dúvida pareceu-me estúpida, no entanto, decidi pesquisar e a verdade é de que não era assim tão óbvia.
Parece que foi só no século III
a.C, no Egipto, onde reinava na recente biblioteca de Alexandria o caos - uma autêntica torre de Babel - quando se colocou a questão. Ninguém se entendia no meio de
milhares ou mesmo milhões de rolos de papiro que existiam naquela biblioteca. A
desordem era tanta que para encontrar um texto eram necessários anos e anos de
buscas sem garantia de sucesso. Foi então que o faraó Ptolomeu II resolveu
chamar um filósofo grego – tinha que ser grego – chamado Zenódoto. Este
pensador, embora contrariado, porque na altura se dedicava à compilação de
velhos poemas de um tal Homero, resolve aceitar o cargo. Ao chegar à biblioteca,
deparando-se com tamanha balbúrdia, não fez mais do que utilizar o método que ele
próprio já tinha utilizado na organização do glossário das palavras difíceis de
Homero. Fez-se luz para toda a gente!
Agora, sempre que for ao seu telemóvel
procurar o nome de alguém na sua lista de contactos, lembre-se de que o faz tão
rapidamente devido a Zenódoto.