foto: Jaime Bulhosa
Uma pessoa adulta com uma formação média ou elevada
reconhece entre dez mil e quinze mil palavras. Tendo em conta que a língua
portuguesa poderá andar perto de um milhão de palavras, – talvez um pouco menos – isto quer dizer que utilizamos apenas 1% a 1,5% dos seus recursos
vocabulares.
Este facto deixa-me atónito perante a forma como por vezes
olhamos de viés para os putos e lhes condenamos a utilização de palavras que
não conhecemos. O aparecimento de algumas palavras novas ou a alteração da
grafia de outras tantas não tem qualquer expressão na barda de palavras que
podemos usar. Por exemplo, um livro com cerca de 200 páginas, – escrito por um
bom escritor – não terá mais de 50 mil palavras; não contando com as palavras
repetidas e os artigos, sem rigor, um livro deve conter mais ou menos doze mil palavras
diferentes – é por isso que recorremos tantas vezes ao dicionário. – Quer isto
dizer, também, que poderíamos escrever várias versões do mesmo livro recorrendo
apenas a sinónimos. – Desta forma uma tradução pode transformar um livro
noutra coisa completamente diferente. – O resultado, contudo, poderia soar mais
a um dialecto africano ou a um dialecto de uma tribo nativa da América do Sul
do que propriamente a português.
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